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Meu Boi... Nosso Patrimônio Cultural


NOSSO OBJETIVO É PESQUISAR, DIVULGAR E ORGANIZAR AÇÕES DO FOLQUEDO DO BOI DE REIS NO RIO GRANDE DO NORTE. BUSCANDO NESSES GRUPOS A SUA ORIGINALIDADE E CONTINUIDADE. O BOI DE REIS NO RN DEVE SER INVESTIGADO, INSTIGADO, RECONHECIDO E INCENTIVADO POR TODO O BRASIL COMO TRADIÇÃO NACIONAL.


Minha Santa Madalena, virgem dos cabelos loiros...

Minha Santa me ajude na massa do pão criolo...

Ai Juvelina, que é seu Juvenal

É hora de tirar leite meu garrote quer mamá

Balança que pesa ouro num pesa todo metal

A moça chupa laranja de baixo do laranjal...


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Brasil na Africa: trecho a Burrinha

A cultura brasileira encontra-se, ainda hoje, presente em terras africanas através de festas populares como o carnaval e o bumba-meu-boi. Celebradas frequentemente em ocasiões e épocas diferentes das do Brasil, essas festas contribuem, no entanto, para manter vivas tradições ameaçadas pelo passar dos anos.
A mais importante dessas festas é sem dúvida a da burrinha, reprodução africanizada do folgedo popular brasileiro, que tem raízes comuns com o bumba-meu-boi. Luís da Câmara Cascudo, em seu "Dicionário do Folclore Brasileiro", afirma que a burrinha nasceu na Bahia, no final do século XVIII. O bumba-meu-boi, espetáculo mais rico e elaborado, teria se originado nas grandes plantações de cana-de-açucar e se espalhado por todo o país. Ambas as festas são celebradas por ocasião da Epifania, no início de janeiro.
Jacques Chirac em primeiro plano, com Mammywatta e a bandeira brasileira ao fundo
Na África, a festa sofreu alterações, decorrentes do tempo, sendo a principal delas a introdução de personagens de inspiração local na encenação e a celebração em datas diferentes. No Benin, por exemplo, a "bourian", como é chamada, é apresentada, em geral, por ocasião das festas de Nosso Senhor do Bonfim, no terceiro domingo do mês de janeiro. O caráter crescentemente profano da festa, que já não é mais associada à Epifania, e visa, basicamente, a divertir os assistentes, fez com que se tornasse muito popular entre beninenses. Numerosos grupos profissionais de "bourian" foram criados nos últimos anos, em concorrência direta aos grupos originais, integrados por "brasileiros" - o mais tradicional deles, a "Association des Ressortissants Brésiliens", de Porto-Novo, surgiu como irmandade religiosa, com o nome de “Irmandade Bom Jesus do Bonfim de Porto Novo”, e foi durante muitos anos dirigido por Casimiro e Marcelino d'Almeida. Seus atuais diretores são os irmãos Jean e Augustin Amaral. É comum hoje a encenação da "bourian" em casamentos, batizados e como atração em hotéis.
Em Lagos, o "boi" ainda é parte da tradição religiosa de 6 de janeiro, embora a encenação possa também, a pedido, ser apresentada em outras datas, como o ano novo e a páscoa.
A burrinha dança ao lado da bandeira do Brasil (Porto-Novo)
As encenações da burrinha envolvem a participação de numerosos personagens, muitos dos quais, como a própria burrinha, montada por cavaleiro mascarado (no Benin, a máscara às vezes representa políticos franceses, como Jacques Chirac ou François Mitterrand), ou o boi, vêm do Brasil. Outros personagens são de inspiração africana, como o elefante, a ema, o leão, o sapo, os enormes bonecos Ioiô (ou Papa Giganta) e Iaiá (ou Maman Giganta), que lembram personagens do carnaval de Olinda, ou ainda, no caso do Benin, Mammywatta, personagem que representaria a deusa do mar.
Os personagens entram na dança uns após os outros, e são saudados com canções onde se mistura o português, o nagô, o fon e o gum. Em 1953, Pierre Verger repertoriou 50 dessas canções em revista do Institut Français d'Afrique Noire, ainda em seu português de origem. Algumas delas foram, em seguida, reproduzidas nos livros de Zora Seljan (1962), Manuela Carneiro da Cunha (1985) e Milton Guran (1999), o que permitiu sua sobrevivência ao tempo. Em Lagos e no Benin, onde essas publicações pouco circularam, as canções são preservadas na memória dos animadores da burrinha, que as passam a seus sucessores. Naturalmente, com o passar do tempo, a letra original vai dando lugar a variações que prejudicam o seu entendimento.
O personagem "Ioiô" persegue crianças em Porto-Novo
Assim, quarenta anos atrás, Zora Seljan escutava Casimiro d'Almeida cantar: "Cavalaria Pernambucana; republicana; viva a crioula; dona Romana; que é baiana". A mesma canção, entoada décadas depois dor Jean Amaral, sucessor de Casimiro, dizia: "Cavalaria; bravo cavalaria; Cavalaria pernambucana; republicana; viva a crioula; cavalaria pernambucana; republicana; dona Tereza; é da baiana" (segundo Guran).
Umas poucas canções mantiveram-se intactas na memória dos que, ainda hoje, se comprazem em cantá-las por saudosismo. Em janeiro de 2000, Nestor Carrena, do alto de seus 86 anos, recordava a modinha que aprendera da mãe, na dácada de 1930: "Minha mãe quero me casar; minha filha diga com quem; se casa com cachaceiro; minha filha não casa bem" (a canção é reproduzida, com ligeira variação, por Manuela Carneiro da Cunha, em "Negros Estrangeiros"). Em compasso mais acelerado (de samba, segundo Jean Amaral), a mesma canção integra o repertório da "bourian", em Porto-Novo.

fonte:
http://www2.mre.gov.br/cartafrica/brasilfolclore.html

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